Hoje na volta pra casa, tive uma lembranca. E meu deu uma vontade de reviver um momento, um instante, uma cena que passou. Lembrei de uma tarde em Salvador, eu e vovó, na sala, esperando o tempo passar. E de repente vovó quis sair pela casa, pra (des)arrumar. No estágio avançado de Alzheimer no qual ela se encontrava, precisava sempre de alguém por perto, e naquela tarde eu tinha me voluntariado.
Tentando manter vovó distraída, a única idéia que tive foi a de colocar pra tocar o cd do Gil, com as músicas de Luiz Gonzaga, que mamãe comprou pra vovó, justamente porque as músicas faziam-na lembrar de sua infancia e a acalmavam. Naquela tarde, chamei vovó pra dançar e dançamos, por alguns minutos, talvez uma hora. E hoje, andando de volta pra casa, lembrei do nosso forró e quis reviver a sensação de ter vovó, toda pequenininha, magrinha e lindinha, em meus braços.
Tem vezes que sinto saudades de vovó.
terça-feira, 27 de julho de 2010
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
O cafe
Nota rapida: nao esquecer de pensar no efeito do cafe.
Toda manha acordo querendo chorar, pensando no dia horroroso de trabalho que terei de enfrentar, em mais uma vez ter que trabalhar no que nao estou disposta, deixando pra depois aquele projeto que me move. Penso em todas as pessoas que me irritam e que terei que encontrar em alguns minutos, talvez um pouco mais de uma hora, penso naquela apresentacao que terei que fazer mesmo nao querendo, morrendo de vergonha de falar, gaguejando um pouco talvez, sem expressao e sem orgulho do trabalho que fiz ateh agora. Penso nisso e quero chorar.
Ateh tomar cafe. Tudo passa depois do cafe. Fico alegre e esperta pro dia.
Entao melhor tomar outro cafe agora antes de ir trabalhar.
Toda manha acordo querendo chorar, pensando no dia horroroso de trabalho que terei de enfrentar, em mais uma vez ter que trabalhar no que nao estou disposta, deixando pra depois aquele projeto que me move. Penso em todas as pessoas que me irritam e que terei que encontrar em alguns minutos, talvez um pouco mais de uma hora, penso naquela apresentacao que terei que fazer mesmo nao querendo, morrendo de vergonha de falar, gaguejando um pouco talvez, sem expressao e sem orgulho do trabalho que fiz ateh agora. Penso nisso e quero chorar.
Ateh tomar cafe. Tudo passa depois do cafe. Fico alegre e esperta pro dia.
Entao melhor tomar outro cafe agora antes de ir trabalhar.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
O Ensaio da Saia
Goettingen, Elliehausen e eu. Mais duzentos e trinta e seis outros. meu Castro vai correr, eu vou torcer.
Como uma forma de acentuar minha marginalidade naquela competicao, escolhi a roupa com muito cuidado. Considerei uma calca jeans, confortavel e azul, me decidi pela saia vermelha, justa, curta, nao corro.
Na saia, minha voz se terminava de compor com um casaquinho verde cuidadosamente escolhido para destoar com harmonia do vermelho.
Vestida da minha voz e convicta da minha posicao, `a meia maratona fui, e meu Castro.
Duzentas e trinta e seis menos duas pessoas `a minha volta, meu Castro se ausenta por alguns minutos, meus olhos passeiam pelo salao. Todos em volta, da pele muito branca, dos olhos azuis pra mergulhar. Eu na saia, convicta da minha voz. Duzentas e trinta e seis pessoas menos duas, meu Castro ausente, meus olhos passeando e aqueles corpos esbeltos e eu na saia, que esconde bem minha barriga de descuido.
A barriga. Bar Riga, objeto direto dos meus mais monstruosos sonhos. Barriga na briga contra o belo.
E enquanto escrevo essas linhas pobres, meu cerebro se debate contra o pensamento das apresentacoes de quarta e quinta. Sem material. Meu intelecto de ferias, nao produzo efetivamente ha meses!
Essa semana se anuncia boa, a saia vermelha no armario, as apresentacoes da barriga e varios corpos esculpidos `a minha volta emitem um som que distinguo mas nao compreendo.
Me alegro, guardei varios pedacinhos de tempo.
Como uma forma de acentuar minha marginalidade naquela competicao, escolhi a roupa com muito cuidado. Considerei uma calca jeans, confortavel e azul, me decidi pela saia vermelha, justa, curta, nao corro.
Na saia, minha voz se terminava de compor com um casaquinho verde cuidadosamente escolhido para destoar com harmonia do vermelho.
Vestida da minha voz e convicta da minha posicao, `a meia maratona fui, e meu Castro.
Duzentas e trinta e seis menos duas pessoas `a minha volta, meu Castro se ausenta por alguns minutos, meus olhos passeiam pelo salao. Todos em volta, da pele muito branca, dos olhos azuis pra mergulhar. Eu na saia, convicta da minha voz. Duzentas e trinta e seis pessoas menos duas, meu Castro ausente, meus olhos passeando e aqueles corpos esbeltos e eu na saia, que esconde bem minha barriga de descuido.
A barriga. Bar Riga, objeto direto dos meus mais monstruosos sonhos. Barriga na briga contra o belo.
E enquanto escrevo essas linhas pobres, meu cerebro se debate contra o pensamento das apresentacoes de quarta e quinta. Sem material. Meu intelecto de ferias, nao produzo efetivamente ha meses!
Essa semana se anuncia boa, a saia vermelha no armario, as apresentacoes da barriga e varios corpos esculpidos `a minha volta emitem um som que distinguo mas nao compreendo.
Me alegro, guardei varios pedacinhos de tempo.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
Lista de Angustias
Anotei no meu bloquinho de afazeres:
- lista de angustias.
Pensei em fazer uma lista dos problemas (reais ou inventados) que me tormentam.
Comecei a lista mentalmente e cheguei a duas conlusoes:
1 - Eh impossivel fazer tal lista...eh infinita;
2 - Incrivel a forma como auto-construimos nossas angustias!
Outra dia li a seguinte frase, a proposito da Mecanica Quantica:
"A primeira vista parece dificil, quase impossivel de entender, sem nehum sentido. Ateh que voce entende do que se trata e nao compreende mais como podia nao entender o principio antes".
Posso adapta-la pras angustias:
"Parece angustiante, extremamente insoluvel. Ateh que aparece outra angustia que te faz esquecer da anterior e nao mais entender como podia se preocupar com algo tao pequeno."
Ai, o poder do cerebro...
- lista de angustias.
Pensei em fazer uma lista dos problemas (reais ou inventados) que me tormentam.
Comecei a lista mentalmente e cheguei a duas conlusoes:
1 - Eh impossivel fazer tal lista...eh infinita;
2 - Incrivel a forma como auto-construimos nossas angustias!
Outra dia li a seguinte frase, a proposito da Mecanica Quantica:
"A primeira vista parece dificil, quase impossivel de entender, sem nehum sentido. Ateh que voce entende do que se trata e nao compreende mais como podia nao entender o principio antes".
Posso adapta-la pras angustias:
"Parece angustiante, extremamente insoluvel. Ateh que aparece outra angustia que te faz esquecer da anterior e nao mais entender como podia se preocupar com algo tao pequeno."
Ai, o poder do cerebro...
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Voz particular
- "Voce eh da Bulgaria?"
- "Nao, sou brasileira."
- "Voce tem uma voz bem particular".
Foi o que me disse um dos muitos fisicos ao meu redor, depois de 7 horas de plantao noturno.
Delirios matinais?
- "Nao, sou brasileira."
- "Voce tem uma voz bem particular".
Foi o que me disse um dos muitos fisicos ao meu redor, depois de 7 horas de plantao noturno.
Delirios matinais?
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
A consciencia da mediocridade
Dizem que os loucos tem plena consciencia do processo de enlouquecimento. Dizem que eh uma angustia infinda pela qual passam, impotentes, ateh se tornarem loucos por completo e se perderem da realidade.
Eu na minha mediocridade, como uma louca, me angustio imensamente e a ela inteiramente subjugada, me aniquilo.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Mixed Feelings
Vai chegando a hora da partida e não sei sentir o que sinto.
Olga me explica que meus sentimentos foram um dia estudados. “São situações em que a felicidade vem inevitavelmente acompanhada da angústia.”
Me reconforto. Outros já sentiram isso antes.
É um calorzinho no coração tão bom, um tipo de felicidade que pela primeira vez conheço, segurança, paz, aconchego, vontade de ficar junto e nunca mais desgrudar.
E a saudade, agora não tem mais jeito. Onde quer que eu esteja, vai ter sempre a saudade, mesclada em uma melancolia que se estende ao infinito.
E a busca pela harmonia, e o conforto novamente.
Não dá pra ser completamente feliz, é a busca pelo que falta, que se transforma a cada conquista, que faz viver.
Sou de novo criança com saudade de casa.
Olga me explica que meus sentimentos foram um dia estudados. “São situações em que a felicidade vem inevitavelmente acompanhada da angústia.”
Me reconforto. Outros já sentiram isso antes.
É um calorzinho no coração tão bom, um tipo de felicidade que pela primeira vez conheço, segurança, paz, aconchego, vontade de ficar junto e nunca mais desgrudar.
E a saudade, agora não tem mais jeito. Onde quer que eu esteja, vai ter sempre a saudade, mesclada em uma melancolia que se estende ao infinito.
E a busca pela harmonia, e o conforto novamente.
Não dá pra ser completamente feliz, é a busca pelo que falta, que se transforma a cada conquista, que faz viver.
Sou de novo criança com saudade de casa.
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