segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O Ensaio da Saia

Goettingen, Elliehausen e eu. Mais duzentos e trinta e seis outros. meu Castro vai correr, eu vou torcer.
Como uma forma de acentuar minha marginalidade naquela competicao, escolhi a roupa com muito cuidado. Considerei uma calca jeans, confortavel e azul, me decidi pela saia vermelha, justa, curta, nao corro.
Na saia, minha voz se terminava de compor com um casaquinho verde cuidadosamente escolhido para destoar com harmonia do vermelho.
Vestida da minha voz e convicta da minha posicao, `a meia maratona fui, e meu Castro.
Duzentas e trinta e seis menos duas pessoas `a minha volta, meu Castro se ausenta por alguns minutos, meus olhos passeiam pelo salao. Todos em volta, da pele muito branca, dos olhos azuis pra mergulhar. Eu na saia, convicta da minha voz. Duzentas e trinta e seis pessoas menos duas, meu Castro ausente, meus olhos passeando e aqueles corpos esbeltos e eu na saia, que esconde bem minha barriga de descuido.
A barriga. Bar Riga, objeto direto dos meus mais monstruosos sonhos. Barriga na briga contra o belo.
E enquanto escrevo essas linhas pobres, meu cerebro se debate contra o pensamento das apresentacoes de quarta e quinta. Sem material. Meu intelecto de ferias, nao produzo efetivamente ha meses!
Essa semana se anuncia boa, a saia vermelha no armario, as apresentacoes da barriga e varios corpos esculpidos `a minha volta emitem um som que distinguo mas nao compreendo.
Me alegro, guardei varios pedacinhos de tempo.

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