outro dia estava conversando despretensiosamente quando pensei sobre a angústia que sinto às vezes. A inexplicável que não anuncia a chegada e muito menos a partida.
Percebi a diferença.
Sempre teorizei que o envelhecimento estava inegavelmente ligado à percepção temporal. Ao tempo passar mais rápido, à festa acabar antes e à data importante não demorar mais tanto pra chegar. Sempre achei esse o ponto fundamental da idade.
Encontrei outro. A angústia.
Na adolescência quase que buscava por ela, sentimento imprescindível para compreender o envenenamento de Madame Bovary, viver o processo e a transformação de Kafka, apoiar a transgressão de Lolita, ou chorar com letras dos Smiths, estar realmente e sinceramente disposta a sofrer acreditando que ninguém nunca vai lhe amar. É o que traz a sensibilidade para experimentar a intensidade perceptiva.
Mas agora a angústia vem sem querer, sem precisar, sem pedir, sem chamar. Como o tempo.
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