“De preferência, tente avistar o seu ônibus assim que ele despontar na rua. O quão mais imprescindível é essa etapa quanto o tempo de espera pelo dito cujo.
Assim que percebê-lo, não importa o quão longe ele esteja, comece a agitar os braços de forma frenética, com bastante amplidão (isso é importante pois mostra a sua disposição em subir naquele ônibus específico).
Tente discernir se o motorista se dispôs a jogar o carro para pista da direita (os mais educados ligam a seta para indicar tal fato) ou se o ônibus vai passar por fora (termo comumente utilizado entre os passageiros de ônibus para designar o fato do ônibus passar pelo ponto na pista do meio e possivelmente não parar).
Caso a primeira alternativa acima seja verdadeira, continue com o abano grande dos braços até o ônibus estar parado no ponto.
Se for o caso da verdadeira ser a segunda hipótese, o processo é levemente mais complicado e envolve alguns riscos, como por exemplo, o de sofrer algum tipo de acidente automobilístico como o de ser atropelado por um carro ou moto. Primeiro, decida se você como cidadão está disposto a correr tais riscos.
Caso negativo, contente-se em esperar o próximo ônibus e torça para esse se dispor a parar no seu ponto (vale a pena também perguntar a alguém que se encontra no ponto se esse é de fato o ponto certo) ou disponha-se a fazer um caminho diferente do que havia inicialmente planejado.
Caso tenha decidido correr os riscos necessários, comece imediatamente a balançar ainda mais veementemente os braços (sempre mantendo a amplidão) e estabeleça o mais rápido possível o contato visual com o motorista do ônibus (pode também soltar algumas palavrinhas ao mesmo tempo em que mantém o contato visual, como “motorista! Eu estou aqui! Quero subir no ônibus! Pára, por favor!”), aviste quais são os obstáculos entre você e o ônibus, geralmente são as irritantes vans que não se importam e param em qualquer lugar. Nesse caso, não se acanhe e faça sinal para a van sair da frente! Vans em vão! Nesse momento, um fator importantíssimo é a percepção de que o motorista do ônibus diminuiu de velocidade. Isso é essencial pois mostra um mínimo de vontade de deixar o passageiro (você) subir no ônibus. Caso negativo, desista, é um caso perdido e volte ao parágrafo anterior.
Caso o obstáculo não saia da frente, faça sinal para o tal se manter em seu lugar e jogue-se em direção ao ônibus (não se esqueça de manter o contato visual com o motorista do ônibus durante todo o procedimento). Nesse momento, se o motorista parou, não esqueça de dar-lhe um sonoro “obrigada!” como gratificação, ao subir as escadas do ônibus. É sempre bom tratar bem os motoristas para que esses continuem parando no ponto.
No caso em que mesmo seguindo todos os passos sobre como chamar ônibus, não tenha obtido sucesso, pode xingar! Não se acanhe! Solte um generoso “Puta que pariu!” para liberar a adrenalina. Se preferir, é também aconselhado dar uns pulinhos ao mesmo tempo em que efetua o xingamento. Ajuda a liberar a raiva.”
Pois é, pelo visto eu não sou a única a pensar em técnicas de como pegar ônibus no Rio de Janeiro.
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